Historicamente a sociedade passa por transformações em diversas esferas, entre as mais notáveis estão as mudanças em relação aos modos de produção e consumo, que refletem diretamente no mercado de trabalho. Atualmente, o mundo vive em um momento de transição da Indústria 3.0, caracterizada pela automatização, para a 4.0, e é sobre isso que a segunda matéria da FURB TV sobre o mercado de trabalho aborda.

 

Ralf Marcos Ehmke, coordenador do curso de Economia da FURB, explica na reportagem que um dos principais elementos que caracterizam a Indústria 4.0 é a inteligência artificial, “que está apenas se revelando ainda, ela é bem mais ampla, bem mais impactante”. Ele comenta que há muita evolução pela frente, e que a robotização e o avanço das tecnologias substituirão muitos processos e trabalhos que atualmente são desenvolvidos por seres humanos.

 

Além dos processos, as relações de trabalho tomarão outras proporções, como comenta o professor Ciel Antunes Filho, coordenador do curso de Administração da FURB. Ele afirma que atividades de análise e diagnóstico, assim como tratamentos, não serão mais realizadas por pessoas.

 

Um exemplo que o professor Ciel dá é em relação à função dos médicos, que no futuro irão acompanhar o paciente, “porque o prognóstico, o tratamento, quem vai dar é uma máquina, um sistema”. Ele explica que a presença de um profissional será para atuar na parte emocional e comportamental.

 

Ralf comenta ainda que as habilidades necessárias para atuação no mercado de trabalho mudarão, que as habilidades cognitivas, de inteligência social e emocional serão mais valorizadas, pois não são facilmente imitáveis por robôs. “Agora as atividades mais básicas, manuais e etc., elas têm uma tendência muito grande de serem substituidas”, explica ele.

 

 

Muitas dessas mudanças, entretanto, não trazem apenas benefícios para a sociedade. As Revoluções Industriais, por exemplo, trouxeram um grande avanço tecnológico, mas também acabaram causando fenômenos como o êxodo rural, crescimento urbano acelerado, e a substituição do trabalho humano pelas máquinas.

 

Uma das previsões de especialistas sobre as mudanças causadas pela Indústria 4.0 é em relação ao número de desempregados. Apesar da criação de novas demandas e funções para o mercado de trabalho, a tendência é que os profissionais precisem ser cada vez mais qualificados, e as vagas não serão suficientes para todos. “Alguns falam que essa onda que está vindo aí é mais destruidora do que criadora de empregos, então vai ter um saldo de talvez milhões de pessoas que percam seus empregos”, afirma o professor Ralf.

 

Por esse motivo, já existem discussões sobre a criação de uma “renda básica universal”, um salário que os governos pagariam para as pessoas que não conseguem mais uma ocupação no mercado de trabalho. O professor Ciel explica que essa renda será destinada às pessoas que não tem onde trabalhar, então “uma pessoa que não faz nada, que vai ficar em casa, vai ganhar 100 dólares por mês” para se manter.  

 

A primeira reportagem da série da FURB TV abordou a tendência do trabalho remoto e os direitos e deveres tanto de empregadores quanto de empregados. Estas e outras reportagens estão disponíveis no canal do YouTube da FURB TV.