Estudantes Xokleng recebem apostilas e cestas básicas

Estudantes Xokleng recebem apostilas e cestas básicas

Foto: CMC

Formar professores que tenham o respeito à cultura indígena como prioridade é o principal objetivo do curso de Pedagogia Indígena Xokleng que a FURB oferece com recursos do Governo do Estado desde julho de 2019, aos 45 estudantes indígenas da comunidade Laklãnõ Xokleng, de Ibirama.
 
Com o isolamento social provocado pela Covid-19 e a migração das atividades para Internet, os estudantes tiveram dificuldade em acompanhar as aulas. O difícil acesso às aulas síncronas incentivou a coordenação do curso a apostilar as disciplinas e, junto da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), realizar a entrega dos materiais necessários aos estudantes nas terras indígenas da região do Vale do Itajaí.
 
Além da adaptação das disciplinas, a coordenação do curso promoveu uma ação para garantir a alimentação dos estudantes durante o período de isolamento social e aulas remotas. No dia 21 de agosto, foi realizada a distribuição de cestas básicas para os 45 estudantes do curso de Pedagogia Indígena Xokleng que moram nas terras indígenas. A coordenadora do curso, professora Karla Lúcia Bento, explica que a assistência com a alimentação dos estudantes indígenas está prevista ao longo da graduação e, com as aulas remotas, a opção foi entregar as cestas. 
 
“A FURB tem uma parceria de longa data com essa comunidade, é um trabalho de aproximação muito grande entre a Universidade, as lideranças indígenas e a comunidade local e que tem se fortalecido nesse momento, em que precisamos todos estar solidários”, afirma Karla Bento. Por meio do Núcleo de Estudos Indígenas, a Universidade arrecadou mantimentos que também foram levados aos Xokleng.
 
Realidade das aldeias
 
Desde o início da disseminação da Covid-19 no estado de Santa Catarina foram construídas barreiras sanitárias nas entradas das aldeias que formam a Terra Indígena Laklaño, que abrigam cerca de 3 mil indígenas. Além disso, a comunidade indígena que realizava trabalhos fora das aldeias também interrompeu suas atividades.
Geomar Covi Crendo, cacique da aldeia Palmeirinha e membro do Conselho Distrital de Saúde Indígena Interior Sul (CONDISI) explica que com o avanço da doença pelas terras indígenas, cada cacique fez suas barreiras e que sua comunidade ficou ainda mais restrita, indo para as cidades próximas apenas para realizar atividades essenciais.
 
De acordo com os dados do boletim epidemiológico da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do dia 24 de agosto, já foram registrados 879 casos de Covid-19 no Distrito Sanitário Indígena Interior Sul, que abrange os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Destes, 449 são casos ativos da doença e 14 mortes já foram registradas.
Mesmo com o acompanhamento da equipe de saúde da SESAI, a coordenadora do curso de Pedagogia Indígena Xokleng, Karla Bento, explica que uma vez que a doença atinge a comunidade indígena, sua disseminação é facilitada, pois a forma de convívio e a organização da comunidade é muito coletiva. “Moram muitas pessoas dentro de uma mesma casa e são casas com poucos cômodos, então se uma pessoa adoece, é muito difícil isolar ela do resto da família”, aponta Karla.
 
O cacique da aldeia Palmeirinha afirma que atualmente o maior desafio das comunidades Xokleng da região é manter as barreiras sanitárias e a comunidade isolada, para que os casos diminuam gradativamente dentro das aldeias.