Professores e alunos reforçam vínculo no Teams
Por Central Multimídia de Conteúdo/Jornalismo [26/03/2020] [21 h17]
Alunos e professores da Universidade Regional de Blumenau (FURB) estão fazendo uma grande rede online de solidariedade para fortalecer o vínculo entre si e com a instituição. São aulas ao vivo, atividades em redes sociais, criação de programas de computador, vídeos, histórias, apresentações em lives e ensaios à distância.
A quarentena forçada em decorrência da pandemia de coronavírus (Covid-19) tem obrigado pessoas ao redor do mundo a redescobrir modos de trabalho, processos de aprendizagem e de relacionamento em virtude do isolamento social. Na FURB há um grande coletivo se mexendo e participando do que parece ser uma nova revolução digital na instituição.
Alguns até brincam que a rede pode ficar sobrecarregada com tantos acessos, pois o Microsoft Teams, um programa usado pela Universidade em combinação com o Ambiente Virtual de Aprendizagem da instituição, teve uso jamais registrado. De 825 mensagens em chat no dia 17 de março, pulou para 29.531 em 23 de março e no dia 24, quarta-feira, já se contabilizava 46 mil mensagens repassadas via chat da FURB.
A ferramenta é administrada pela Divisão de Tecnologia da Informação (DTI) da Universidade que juntamente com a Divisão Modalidade de Ensino (DME) vem dando apoio remoto aos professores e estudantes. Mesmo os docentes que só atuavam em aulas presenciais tiveram que se adaptar às novas ferramentas tecnológicas, oferecendo conteúdo aos alunos em aulas mediadas por tecnologia, para o período de isolamento.
A rotina levou todos para frente do computador e quem já tinha mais domínio se prontificou a ajudar os colegas, como foi o caso do professor Marcel Hugo, coordenador do curso de Ciências da Computação: “a minha semana tem sido intensa, muitas frentes diferentes de trabalho se apresentaram. Além de dar aulas também estou oferecendo apoio aos colegas em relação ao manejo de tecnologias. Em um bate-papo (realizado na última terça-feira, 24) com outros professores chegamos a ter 80 pessoas no mesmo chat”. Foram três horas de webreunião entre os docentes da FURB ávidos por dominar melhor a ferramenta de interação com os universitários.
Com o novo suporte aparecem também novas possibilidades e desafios. “A cada dia e interação a gente descobre uma forma diferente de usar alguma coisa, o pessoal tem usado bem a ferramenta”, explicou Marcel Hugo. Ele também comentou sobre as dificuldades que a falta de interação visual das salas de aula traz e a necessidade de usar a criatividade: “nesse novo formato precisamos provocar mais os alunos, pedir que eles interajam pelo chat, pelo áudio. O grande desafio é como não ser apenas expositivo nessas aulas”.
As ideias para manter o nível de atenção dos alunos são variadas. Há professores fazendo uma lousa em casa e posicionando a câmera de forma que realmente pareça uma sala de aula. Outros gravando vídeos pequenos e compartilhando no Teams durante os encontros virtuais, criando exercícios para tirar dúvidas em tempo real e tem também aqueles que deixam tudo gravado para disponibilizar em outras redes.
O professor Christian Krambeck, do curso de Arquitetura e Urbanismo, é um dos que está utilizando vários canais: “gravo os vídeos para apresentar no Teams e depois disponibilizo na minha conta no YouTube”. Ele acredita que assim os alunos podem reforçar o aprendizado e voltar ao conteúdo sempre que tiverem interesse.
Já Alessandra Ogeda, responsável pela disciplina de Telejornalismo 2, do curso de Jornalismo, sugeriu aos seus alunos a criação de um telejornal 100% online. “Apresentei para eles formas de fazermos isso a distância, discutimos as pautas que eles vão desenvolver e exemplos de telejornais que estão trabalhando com parte da equipe de forma remota. Tenho planejado as aulas prevendo mais recursos e referências para eles consultarem em casa”, explicou a professora. Ela afirma que “esse é o momento de fazermos esse tipo de virada de chave".
E não se trata apenas de repassar conteúdo. Os encontros também parecem ser importantes para manter o contato e aproximar os envolvidos, afinal o isolamento precisa ser social, mas não necessariamente emocional. Assim, há também quem consiga transparecer suas emoções, mesmo diante das telas.
“Minha estreia no Teams teve roteiro de dramalhão mexicano. Quando a aula começou fiz um papelão. Acabei chorando com a emoção do reencontro. Todos os alunos estavam presentes no horário que abri a reunião. Foi emocionante ouvir seus relatos sobre o isolamento social”, descreveu o professor Clóvis Reis, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB. “Quando terminei a aula, o carinho dos alunos na despedida me comoveu. Acho que eles me viram como um velhinho que estava se esforçando muito pra se habituar ao novo contexto didático-pedagógico. Que venha a próxima!”.
Na ETEVI
De acordo com o diretor da Escola Técnica do Vale do Itajaí (ETEVI), Manoel Rocha, as aulas no ensino médio estão contando com adesão de forma positiva.
“Nós estamos seguindo as diretrizes do nosso pró-reitor de ensino e estamos tendo uma boa resposta dos alunos. Os professores estão desenvolvendo atividades diferentes, uma vez que o momento já é diferente”, ressaltou o diretor. Ele comentou sobre o uso de fóruns e do Microsoft Team. “É um momento novo, a possibilidade de criação, de vídeo aulas e outras atividades têm animado os alunos”.