Estágio do transporte na região causa surpresa
Por Central Multimídia de Conteúdo/Jornalismo [10/05/2019] [19 h08]
Hoje em dia o excesso de carros, o custo-benefício do transporte público e o tráfego pesado nas ruas não se restringem aos grandes municípios. E para que uma cidade cresça de maneira organizada é preciso colocar em prática um termo que há muito tempo é debatido: mobilidade urbana. Este foi o assunto discutido na FURB nesta sexta-feira, 10 de maio, na palestra "Mobilidade Urbana Sustentável - Ordenar o território e gerir a mobilidade urbana".
O evento foi organizado em parceria da FURB com as prefeituras de Blumenau e Gaspar, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Santa Catarina (CAU/SC) e Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí, a AMMVI. O entendimento dos participantes é de que não adianta pensar em mobilidade urbana em uma cidade se o município vizinho não colaborar.
Participante do encontro, a vice-presidente institucional da AMMVI e também prefeita da cidade de Doutor Pedrinho, Simoni Mercia Mesch Nones, ao trazer suas experiências, afirmou que “o que não planejamos no passado já é problema. Nós observamos que todas as cidades são interligadas e por isso essa mobilidade tem que ser planejada como um todo.” Ela espera que os projetos saiam do papel para que a população seja privilegiada.
Um dos palestrantes foi o professor Fernando Nunes, ex-secretário de mobilidade urbana de Lisboa e ex-conselheiro do Banco Mundial, na mesma área. Nunes abordou as mudanças feitas em Portugal durante sua gestão, como a substituição de áreas para carros nas regiões centrais da capital portuguesa para priorizar transporte público e áreas de convívio público. O professor afirma que é viável aplicar na nossa região ideias assim: “é possível, mas tem que ultrapassar o marco legal que vocês têm porque pra mim foi uma surpresa constatar que estavam ainda nesse estágio tão atrasado no ponto de vista dos transportes.” Segundo ele, em toda a Europa, Portugal foi o último país a seguir o exemplo mas já faz mais de uma década.
“As pessoas não querem saber dos limites administrativos e políticos, elas vivem num local e trabalham num outro e querem um transporte direto, confortável e com um preço acessível”, afirmou Nunes. Outro palestrante foi diretor de Planejamento e Gestão da Mobilidade e Serviços Urbanos do Ministério do Desenvolvimento Regional, Cléver Ubiratan Teixeira de Almeida. Ele falou sobre o Plano Nacional de Mobilidade Urbana, além da ampliação da discussão no âmbito local. Almeida também comentou sobre os recursos disponíveis para essa área, importante para os municípios. “Os recursos são para as mais variadas finalidades dentro do contexto da mobilidade, desde estudos e projetos até o próprio Plano de Mobilidade, obras de forma geral como para fazer corredores de ônibus, ciclovias, calçadas, sistemas de tecnologia, ou seja, tem uma gama muito grande de opções”, explicou.
O evento faz parte do pré-lançamento do mais novo curso de Pós-Graduação em nível de Especialização da Furb: Mobilidade Urbana Sustentável. A previsão para o início das aulas é em setembro. O foco é na realidade de cidades médias e regiões metropolitanas integradas por municípios pequenos. “Essa pós-graduação na Furb pretende criar um acúmulo de conhecimento não só durante o curso mas com a realização de eventos abertos ao público. Isso vai permitir que o grupo de alunos se organize para discutir e aprofundar os problemas aplicado à realidade das cidades”, explica o professor Christian Krambeck, do Instituto FURB.
A reitora da Universidade Regional de Blumenau, Marcia Sardá Espindola, que é arquiteta, também esteve no evento. “Quando nós começamos a desenhar o curso foi pensando na questão do que podemos fazer na universidade; de um curso que atendesse as demandas da região e que não fosse só um curso acadêmico, mas que qualificasse os técnicos das prefeituras ou que vão trabalhar no planejamento urbano e na mobilidade”, lembrou.