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ARQUIVO DE NOTÍCIAS


17/11/2017 - Professor participa de Seminários em Oxford


O professor Dominique Santos, do Departamento de História e Geografia da FURB e Coordenador do LABEAM - Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais, participou de uma série de três seminários na Universidade de Oxford, nos quais comunicou os resultados parciais de sua atual pesquisa sobre os intercâmbios e conexões entre a Hibernia e a Britannia na Antiguidade Tardia.
 
o professor explicou ao público da série de Seminários sobre Scripts antigos da Taylor Institution Library o funcionamento do Ogham, Script, criado para representar os sons da língua irlandesa antiga. Nos seminários dos dias 02 e 09 de Novembro, realizados no Jesus e no Corpus Christi College respectivamente, o tema abordado foi a relação entre a celticidade e a romanidade nas inscrições bilíngues/biliterais das Ogham Stones da Irlanda, Inglaterra, País de Gales e Ilha de Man.
 
De Oxford, onde realiza seu ano sabático como Pesquisador Visitante do OCLA - Oxford Center for Late Antiquity, convidado pelo Professor Bryan Ward-Perkins, Santos explicou como funciona sua pesquisa na Universidade de Oxford, algumas características da Instituição inglesa e como foi comunicá-la nestes seminários.
 
Seguem os relatos:
 
O dia a dia em Oxford
 
"O que faço quase todos os dias é ir para quatro bibliotecas específicas, Old Bodleian, Sacker, Taylor e a Celtic Library do Jesus College de Oxford, nas quais tenho acesso a praticamente todos os livros existentes sobre o tema da minha pesquisa. Cada uma delas tem suas características, acervos diferentes e horários variados de funcionamento, a última delas, por exemplo, funciona 24 horas por dia. Ao longo do ano, participei de seminários, palestras, conferências e eventos de inúmeras áreas, conheci pesquisadores do mundo inteiro e fiz trabalho de campo durante três meses, quando visitei, fotografei e filmei todas as pedras que eu analiso. Além disso, frequentei muitas atividades, promovidas pelas inúmeras sociedades que acabam se formando em Oxford, desde de jogos de tabuleiro, passando por visitas guiadas a museus e lugares por onde viveram ou passaram pessoas como Tolkien, C.S. Lewis, Einstein e outros, até encontros para conversar em Esperanto ou assistir peças de teatro em Alemão. Boa parte da vida social, não só em Oxford, mas acredito que em toda Inglaterra e Reino Unido, passa por Pubs e Cafés. Geralmente, é nestes lugares que as pessoas se encontram para confraternizar, festejar, celebrar, mas também para trabalhar, escrever, discutir ideias, ou até mesmo fazer entrevistas de emprego. Visitei os principais Pubs e Cafés da cidade". 
 
 A Universidade de Oxford
 
Oxford, a mais antiga Universidade do mundo anglófono, é uma das melhores instituições universitárias do mundo, sempre figura em uma lista seleta, contendo instituições como Cambridge, Harvard, MIT e algumas poucas outras, em qualquer dos rankings disponíveis. Em vários deles, dependendo dos critérios adotados, Oxford aparece na primeira posição. A Universidade não tem um campus central, porém, 44 "Colleges" e "Private Halls", que seriam como as nossas faculdades ou centros agrupando vários cursos, muitas vezes de áreas diferentes, espalhados pela cidade de Oxford, com seus cerca de 170 mil moradores, muitos estudantes ou trabalhadores da Universidade. Trata-se de uma instituição de excelência, responsável pela formação de muitas das principais lideranças mundiais. 28 Alumni de Oxford já ganharam um Nobel e 27 já foram primeiro ministros do Reino Unido. Locke, Hobbes, Oscar Wilde, Tolkien e Stephen Hawking, por exemplo, estudaram aqui. Algumas das características da Instituição que eu destacaria: o fato do ensino ser baseado em modelo tutorial, que permite que os estudantes possam discutir e explorar os temas abordados em pequenos grupos com supervisão de um especialista na área em questão; a presença de pessoas do mundo inteiro garante uma diversidade muito grande, não só de conhecimento, mas cultural e de pontos de vista; E, claro, a interdisciplinaridade. Seria muito difícil não ser interdisciplinar em Oxford. Aqui, ao mesmo tempo que alguém estuda em sua área do saber um tema tão específico quanto paleografia em árabe cúfico, não se furtará de discutir sobre os principais problemas do nosso tempo com pessoas de diferentes áreas, níveis de formação, condição social e nacionalidade. Além de uma situação assim ocorrer com frequência na universidade, por sua própria organização, é muito comum encontrarem-se para conversar em um Pub uma musicista, uma cineasta, uma designer, um médico, um matemático, um administrador de negócios e um teólogo. Em alguns momentos, é até difícil compreender qual a área de uma pessoa, como a de um colega, que, sob orientação de um físico, usa modelos computacionais e conhecimento da física teórica para abordar problemas de linguagem, epistemológicos e teóricos relacionados com a teoria da evolução tal qual é abordada pela biologia contemporânea. Parece ideal e romântico, né? Mas não estou exagerando, vejo isto todos os dias". 
 
A pesquisa
 
"Fui convidado pelo Prof. Bryan Ward-Perkins, para conduzir uma pesquisa sobre as Ogham Stones no Oxford Centre for Late Antiquity. Nestas pedras foram inscritas mensagens em Ogham, por isso este nome, que é o 'alfabeto' (script) criado para representar os sons da língua irlandesa em suas primeiras formas de manifestação. As pedras que eu estudo são bilíngues/biliterais, elas contém textos em dois scripts e/ou línguas: Irlandês Antigo e Latim. Este tipo de monumento mnemônico foi eregido em Partes da Inglaterra, País de Gales e Ilha de Man. A maioria deles está no condado de Pembrokeshire, no País de Gales. Trata-se de uma pesquisa sobre identidade na Antiguidade Tardia, período que nosso centro de pesquisa aqui considera que vai aproximadamente do ano 250 ao 750 da Era Comum. Estas pedras foram levantadas em um lugar no qual três idiomas eram falados, Latim, Irlandês e Galês, por três grupos étnicos, Romanos, Galeses e Irlandeses. A convivência entre eles também gerou agrupamentos multiculturais, tais como Hiberno-Romano, Cambro-Romano, Cambro-Hibérnico ou Hiberno-Cambro-Romano. É possível identificar nas inscrições destas pedras vestígios destes grupos: seus idiomas, forma de parentesco, e algumas funções sociais e políticas. Tento perceber, a partir das Ogham Stones, como viviam as pessoas e sociedades que, ao ocupar estes lugares específicos e produzir estas formas de orientação e sentido, contribuíram para delinear as primeiras divisões deste território e formar as primeiras noções de fronteira que, mais tarde, dariam origem às modernas noções de "Irlanda", "Irlanda do Norte", "País de Gales", "Ilha de Man", "Escócia" e "Inglaterra".
 
Quando volta pra FURB?
 
"Assim que a Universidade retomar suas atividades, no início de 2018, reassumo a coordenação do LABEAM e as aulas de História Antiga, História Medieval e História I, que é uma Introdução ao pensamento histórico, nos Cursos de História e Ciências Sociais, respectivamente. A partir de então avaliarei que contribuições poderei oferecer à Universidade e que tipo de participação política desempenharei, sobretudo considerando as eleições para Coordenação de Curso que devem ocorrer em breve".
Publicação: 17/11/2017 - 10h15 - Gabinete da Reitoria/Jornalismo | Foto(s): Divulgação

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