Projeto da FURB desenvolve software que usa inteligência artificial para ajudar professores na solução de conflitos

Projeto da FURB desenvolve software que usa inteligência artificial para ajudar professores na solução de conflitos

Foto: RTE FURB

Professor e estudantes da Universidade Regional de Blumenau (FURB) estão desenvolvendo um software que usa inteligência artificial para realizar simulações de conflitos no ambiente de sala de aula. O trabalho é coordenado por Maiko Spiess, Doutor em Política Científica e Tecnológica e professor do Departamento de Ciências Sociais e Filosofia da universidade, com a participação dos estudantes de Ciência da Computação Laura Soares Möller e Christian Schneider De Azevedo. O objetivo da proposta é ajudar os educadores a preverem situações potencialmente conflituosas e desenvolver estratégias pedagógicas para mediar tais interações. A expectativa é que o software esteja pronto até o final deste ano.

O projeto desenvolvido pelo grupo associa dois recursos no âmbito da inteligência artificial: os grandes modelos de linguagem (Large Language Models, ou LLMs) e a modelagem baseada em agentes (Agent-Based Modeling ou ABM). Os grandes modelos de linguagem são um tipo de inteligência artificial treinada com uma enorme quantidade de textos disponíveis nas mais variadas fontes da internet. Com base em todos esses dados, os modelos de linguagem são capazes de realizar previsões estatísticas que fornecem ao usuário respostas plausíveis e coerentes. O Chat GPT, desenvolvido pela empresa estadunidense Open AI, é um exemplo popular de grande modelo de linguagem.

A modelagem baseada em agentes, por sua vez, é uma técnica utilizada para gerar simulações de interação entre vários agentes autônomos de forma simultânea. Na simulação do trânsito de uma cidade, por exemplo, essa técnica permitiria considerar a ação de todos os agentes (os motoristas, as condições de tráfego, as condições climáticas, interrupções de vias, entre vários outros agentes) de forma simultânea e visualizar os efeitos da interação entre todos esses fatores.

O projeto de Spiess, Möller e Azevedo busca simular um contexto educacional a partir da associação entre os grandes modelos de linguagem e a modelagem baseada em agentes. O software que está sendo desenvolvido por eles simula um ambiente de sala de aula, em que cada um dos alunos possui características de personalidade e orientações ideológicas diversas. A partir de uma interação inicial (a proposição de um tema potencialmente polêmico para o debate), os agentes modelados por inteligência artificial desenvolvem uma discussão sobre o tema proposto. A ideia é que o professor seja capaz de simular um debate antes de levá-lo à sala de aula, de modo que consiga antecipar situações de conflito e desenvolver estratégias pedagógicas para mediar tais interações.

Maiko Spiess, coordenador do projeto, explica que a proposta nasceu para responder a uma necessidade identificada por ele entre os estudantes de licenciaturas. “Apesar de fazerem estágio, muitas vezes eles se deparam, depois de formados, com situações um pouco delicadas. Se um professor ou professora vai tratar, por exemplo, de teoria da evolução e criacionismo, pode ser que surja um debate. Infelizmente, na nossa sociedade atual, os debates estão cada vez mais polarizados, as coisas estão mais conflituosas”, explica.

O processo de desenvolvimento do software envolve algumas grandes etapas: a programação, os testes de simulações a partir do uso de grandes modelos de linguagem e o design da interface em estilo de videogame. A previsão é que o software possa ser utilizado a partir de agosto deste ano. O projeto é viabilizado por meio da concessão de bolsas do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI).

 

Núcleo de Estudos da Tecnociência (NET) explora a relação entre ciência e tecnologia

Spiess é coordenador do Núcleo de Estudos da Tecnociência da Universidade Regional de Blumenau (NET/FURB), grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR/FURB) que se dedica às implicações associadas à fusão entre ciência e tecnologia. O grupo foi criado em 2006 e tem como foco de investigação a formação e dissolução de redes sociotécnicas. Os trabalhos mais recentes conduzidos por pesquisadores vinculados ao grupo têm se dedicado ao uso das tecnologias para a gestão de desastres.

 

FURB Pesquisa

O trabalho foi tema do programa FURB Pesquisa desta semana: