Pesquisadores monitoram desastres naturais para prevenção
Por Arianna Fonseca/Central Multimídia de Conteúdo [02/05/2019] [19 h21]
Foto: CMC
Prevenir o caos digital é uma das preocupações de pesquisadores da FURB que trabalham em projetos para avaliar implicações e controle de desastres naturais, já que o Vale do Itajaí é susceptível a enchentes frequentes – Blumenau, por exemplo, é cortada pelo Rio Itajaí-Açu. Os cientistas desenvolveram dois projetos no Núcleo de Estudos da Tecnociência (NET), ligado ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) da FURB.
O grupo de pesquisa foi criado em 2006 para pensar desde o planejamento da pesquisa até tirar o projeto do papel. O pesquisador do PPGDR, doutor Marcos Antônio Mattedi, entende que o NET faz com que a universidade cumpra seu papel, que é compreender e dar respostas ao desenvolvimento. A intenção é atrair mais pesquisadores e também possibilitar que a universidade tenha novas parcerias. “Nós estamos em contato com a Agência Intermunicipal de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos Municipais do Médio Vale do Itajaí (AGIR), Samae e Defesa Civil. O foco desse conjunto de atividades é identificar parceiros e estabelecer mecanismos de transferência do conhecimento”, explica.
Um dos projetos em destaque é o que utiliza inteligência artificial para analisar imagens falsas durante um desastre. Uma maneira de prevenir um caos digital. “A pessoa recebe uma imagem do centro de Blumenau agora, por exemplo. E quando o programa estiver rodando 100%, o nosso programa vai analisar e dizer se a imagem é antiga ou se é no local correto”, adianta o coordenador do curso de Ciências Sociais da FURB e integrante da pesquisa, doutor Maiko Rafael Spiess. Ele conta que foi desenvolvido um algoritmo de inteligência artificial que precisa de um volume grande de dados. Agora, o grupo está na fase de testes e montando esse banco de dados com imagens de desastres que vão servir para o reconhecimento. Pessoas que têm imagens dos desastres podem colaborar com o projeto. "Diferentes ângulos de onde aconteceram os desastres são importantes para que a gente tenha uma abrangência maior”, disse.
Outro estudo utiliza a tecnologia dos drones e a ideia é aplica-la na gestão dos desastres. Leandro Ludwig é aluno do PPGDR e desenvolveu um drone com estabilidade para fazer um mapeamento em tempo real da situação de desastres, inclusive em regiões inacessíveis. "O nosso foco é o mapeamento. Por isso que o drone tem seis motores. Ele tem uma autonomia relativamente boa de uns 25 minutos e uma capacidade de carga de cerca de um quilo. É o suficiente para embarcar os sensores que a gente necessita para o mapeamento" revela. A rota que o drone vai percorrer é traçada pelo computador.Faz fotos aéreas do local. Depois, num software específico de fotogrametria, é gerado um ortomosaico. Os nomes são complicados, mas o processo é simples: consiste na junção de todas essas fotos para fazer um mapa da região.
Fazer um levantamento de hora em hora dos rios pode auxiliar o trabalho da Defesa Civil e de outros órgãos. Isso facilitaria na verificação do cenário das cheias e para perceber o impacto da enchente na cidade. "O que a gente tem hoje são números e tudo isso é muito abstrato para perceber todo o impacto. A partir do momento que conseguimos oferecer uma cartografia da cheia através do drone, isso se torna muito mais fácil de mensurar os impactos e ver onde que está sendo mais atingido, as regiões mais críticas e, claro, de fazer um acompanhamento,” explica Leandro Ludwig. O importante também é fazer o registro de toda a dinâmica urbana, ou seja, onde tem ocupações de risco, locais que adensaram nos últimos anos. É possível fazer um cenário real da cidade com esse projeto. "A gente já tem uma série de tecnologias estabelecidas. O CEOPS, com a medição do nível do rio, mas o drone permitiria analisar outras regiões além do leito do rio principal da cidade", complementa.
Especialização
Para quem quer estudar sobre os Desastres Naturais estão abertas as matrículas para a segunda turma do curso de Especialização em Recuperação de Áreas Degradadas na FURB, que tem o objetivo de formar profissionais para atuar nessa área, contribuindo principalmente para um desenvolvimento sustentável. A coordenadora do curso, Tatiele Fenilli, explica que “a gente pretende trabalhar desde a parte do diagnóstico, determinar qual a característica do meio, se foi alterada, para então escolher uma técnica ou um conjunto de técnicas para recuperação e restauração dessas áreas. Depois também tem a parte de monitoramento, ou seja, como determinar que essas áreas foram realmente recuperadas ou restauradas.”
O público alvo do curso é bem variado. Na primeira turma teve engenheiros florestais, biólogos, geólogos e profissionais da área do direito, que atuam prioritariamente na questão ambiental. “O pessoal gostou bastante, tanto é que temos alguns convênios principalmente com a Polícia Ambiental porque eles pretendem encaminhar mais profissionais para essa área, já que é relativamente nova na parte de diagnóstico e de monitoramento. Por isso é importante estar se aprimorando e se aperfeiçoando na área de recuperação de áreas degradadas”, esclarece Tatiele.
A FURB TV fez uma reportagem completa sobre o assunto. Confira no vídeo.
A FURB TV fez uma reportagem completa sobre o assunto. Confira no vídeo.