Biblioteca da Floresta Catarinense leva educação florestal para escolas de Santa Catarina
Por Camila Maurer [31/10/2025] [11 h11]
Um grupo de pesquisadores da Universidade Regional de Blumenau (FURB) tem levado conhecimento sobre as florestas catarinenses para professores e estudantes de Santa Catarina por meio de materiais educativos de divulgação científica. A Biblioteca da Floresta Catarinense é composta por cinco livros informativos voltados à divulgação das principais descobertas científicas do programa Floresta SC, que há 18 anos estuda e monitora as florestas no Estado. O projeto, coordenado pela professora Daniela Tomio, Doutora em Educação Científica e Tecnológica e pesquisadora vinculada aos Programas de Pós-Graduação em Educação (PPGE/FURB) e em Ensino de Ciências Naturais e Matemática (PPGECIM/FURB), contou com a participação de dezenas de colaboradores. O trabalho foi o vencedor da categoria “Professores” do III Prêmio Lucia Sevegnani de Democratização do Conhecimento, entregue no encerramento da 19ª Mostra Integrada de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura (MIPE), em setembro.
A ideia de produzir o material nasceu a partir da necessidade de difundir as descobertas do programa Floresta SC. “Era um desejo do professor Alexander Vibrans, que é o coordenador geral do programa, que esse conhecimento também chegasse à comunidade e fosse democratizado. Então veio a ideia de ter esse coletivo de divulgação que constrói vários materiais, entre eles, a Biblioteca”, explica. Cada um dos volumes da coleção dedica-se a um recorte específico da ciência das florestas: cobertura florestal, riquezas da floresta, usos de produtos e serviços da floresta, impactos antrópicos e estoques da floresta. O material foi lançado oficialmente em junho durante evento realizado na universidade. A versão impressa dos livros teve uma tiragem inicial de 2 mil exemplares, que foram distribuídos a escolas catarinenses. Uma versão digital está disponível para download gratuito neste link.
Daniela Tomio destaca o caráter colaborativo do processo de elaboração do material, que levou cerca de um ano para ser concluído e contou com a participação de professores da Educação Básica, engenheiros florestais e pesquisadores da pós-graduação e das licenciaturas. “Pensamos em uma proposta não para os professores, mas realizada com os professores. A Biblioteca é um produto de divulgação científica dialógico, não unidirecional. Fizemos um convite para professores da rede pública de Santa Catarina e, a partir de um diagnóstico de necessidades desses professores, surgiu um coletivo com 17 professores de escolas públicas de diversas áreas”, ressalta.
A pesquisadora destaca que os livros foram elaborados de modo a conduzir os leitores em um percurso de conhecimento que busca estimular a curiosidade e sensibilizar os estudantes para as questões socioambientais. Dois personagens criados pelo Estúdio Belli (Maria Sassafrás e Pedro Carvalho, nomes que remetem a espécies da nossa floresta) conduzem a leitura e buscam despertar nos jovens o interesse pelas carreiras científicas. “Temos uma lacuna de pessoas, principalmente jovens, interessados pelas carreiras científicas da floresta. Temos visto um apagão de profissionais nessa área. A ideia dos personagens é que os adolescentes se identifiquem com eles, por isso são jovens, tem as características dos nossos estudantes da universidade. Temos, também, uma representação de gênero para incentivar as meninas para as ciências da floresta, engenharias, ciências biológicas”, explica.
Os livros contam, ainda, com recursos de realidade aumentada. Um aplicativo próprio desenvolvido por pesquisadores da universidade permite realizar a leitura de imagens espalhadas pelo material para transformá-las em figuras tridimensionais e acessar informações que aprofundam o conteúdo. O foco na realidade local é outro diferencial da coleção. Segundo Tomio, a Biblioteca da Floresta Catarinense preenche uma lacuna identificada pelos pesquisadores. “Já temos materiais sobre a Floresta Amazônica e outros biomas. Mas ainda não tínhamos um material tão direcionado à nossa realidade. Essa percepção é muito interessante porque é um material com as nossas espécies e contextos da nossa realidade”, avalia.
Agora, a intenção dos pesquisadores é adicionar um sexto volume à coleção, com foco no conhecimento dos povos originários. "Vamos trabalhar com crianças e anciões Xokleng, Kaingang e Guarani sobre as florestas catarinenses para entender como eles explicam as florestas. Teremos um volume que vai incluir o conhecimento dos nossos povos ancestrais de Santa Catarina para as crianças tanto das escolas indígenas como não indígenas poderem conhecer a floresta articulando a cultura científica a essas outras culturas, que também é uma tarefa da divulgação científica", explica.
Programa Floresta SC produz conhecimento sobre florestas catarinenses há 18 anos
O Floresta SC é um programa permanente do Governo do Estado de Santa Catarina coordenado por pesquisadores da FURB que se dedica a gerar informações sobre a quantidade e a qualidade das florestas catarinenses. Para isso, o projeto desenvolve atividades em três frentes: Inventário Florestal, que se refere ao levantamento e monitoramento da diversidade de espécies e dos estoques de biomassa das florestas do estado; o Mapeamento, através do qual pesquisadores elaboram mapas de cobertura florestal e usos da terra; e Educação Florestal, que contempla iniciativas de divulgação científica direcionadas ao público escolar. Os dados gerados pelo programa têm fornecido subsídios para a elaboração de políticas públicas de uso e conservação da floresta e se materializaram em diversos produtos e publicações, que podem ser acessados neste site.
FURB Pesquisa
A Biblioteca da Floresta Catarinense foi tema do FURB Pesquisa desta semana:

