Economista fala dos desafios no mercado pós-pandemia

Economista fala dos desafios no mercado pós-pandemia

Foto: Divulgação

O mês de abril de 2020 começou com um terço da população mundial em isolamento por conta da epidemia do COVID19. Como se a guerra contra o novo coronavírus não fosse suficiente, uma outra questão vem deixando os ânimos exaltados durante essa quarentena: o receio de uma recessão econômica que já está se apresentando. Afinal, é possível salvar vidas e também manter o consumo das famílias? Há uma saída possível?
 
Para Nazareno Schmoeller, economista, professor e pró-reitor adjunto de Administração da Universidade Regional de Blumenau (FURB), é preciso ter calma nesse momento para que as decisões sejam tomadas em conjunto, integrando medidas relacionadas à saúde e, também, à economia. Na visão dele, para isso, é preciso que seja feito o isolamento dos trabalhadores em serviços não essenciais imediatamente para conter a transmissão do vírus, mas com ações do Estado para garantir renda, além da sociedade civil.
 
Nos últimos dias o economista da FURB vem sendo solicitado pelos meios de comunicação do estado para fazer uma análise sobre a situação econômica do país. Concedeu entrevistas ao vivo para a NSC TV e também para a rádio CBN do Vale do Itajaí. Algumas informações foram compiladas nesta matéria, com complementos solicitados ao professor.
 
“Nós não podemos relaxar nas medidas de segurança, nós precisamos ter a infraestrutura de saúde funcionando adequadamente. Se nos prepararmos nas questões de saúde e ficarmos em segurança, a economia também pode se reorganizar, com ações do Estado, das empresas e das pessoas propriamente ditas. Só assim damos segurança para os trabalhadores voltarem”, disse Schmoeller.
 
Ele acredita que este é um momento para manter apenas os trabalhadores dos serviços essenciais nas ruas, como hospitais, supermercados e farmácias e que os demais precisam ser amparados pelo Governo. Para Schmoeller, “não dá para deixar o desespero tomar conta. O Governo tem liberado os recursos e permitido que a gente dê um pulo na engrenagem”.
 
Políticas de crédito
 
Quando fala em dar um pulo na engrenagem, Schmoeller está se referindo ao que ele chama de dinheiro do futuro, o que conhecemos como crédito. “O Governo tem várias formas de fazer isso, de criar esse crédito. É como se a gente pegasse dinheiro do futuro: o Governo emite, tem os títulos, nós todos assinamos uma nota promissória. Tá aqui o dinheiro, vamos distribuir, atender as necessidades das pessoas, das empresas, garantir as demandas. O dinheiro tem que chegar primeiro a quem precisa, na velocidade que precisa, é o ponto mais importante que nós temos que entender agora” detalhou.
 
Sobre políticas de renda básica para a população, na segunda-feira, 1 de abril, o Governo Federal sancionou o projeto de lei que cria uma renda básica emergencial de R$ 600,00 aos trabalhadores informais, autônomos e sem renda fixa durante a crise provocada pela pandemia da Covid-19.
 
Decisões baseadas em dados científicos
 
Além de professor da FURB, Schmoeller também coordena o Sistema de Informações Gerenciais e de Apoio à Decisão (SIGAD), um projeto de extensão da Universidade que, neste momento, tem reforçado a sua importância enquanto fonte de dados e informações relevantes sobre o município de Blumenau e do estado de Santa Catarina.
 
“Fizemos uma simulação. Nós temos R$ 336 milhões/mês de folha de pagamentos dos formais em Blumenau; pode colocar mais 40% para inserir os informais. Com isso percebemos que temos sim mecanismos econômicos para ter uma retomada segura da economia em alguns meses”, ponderou Schmoeller. Segundo ele “quem ficar desempregado agora vai ter acesso ao seguro-desemprego, que possivelmente terá suas regras modificadas nos próximos dias e deve segurar as famílias por algum tempo”.
 
Além disso, ele acredita que haverá otimismo quando a pandemia perder a força, quando o estado controlar as questões sanitárias e que, a partir daí, será possível ver a economia girar de novo. “Lá na frente teremos que ir negociando aos poucos, o que era pago em 10x precisará de 15 parcelas, isso serve tanto para as pessoas quanto para as empresas. Teremos que organizar os juros, enfim, precisaremos ir com calma”, afirmou o economista.
 
Sobre as corporações, especificamente, Schmoeller sinalizou que é preciso manter a mão de obra, porque ela é “o patrimônio das empresas” e que a negociação entre patrões e trabalhadores será de suma importância nesse momento.
 
Neste sábado, dia 4, a partir das 8 horas via link remoto Nazareno Schmoeller participa do Programa Carlos Henrique, na Rádio Página 2, pela web, para debater sobre o que se desenha para o Brasil e o mundo, com Diogo Angioletti, cooperativista e educador financeiro pelo Banco Central e Reynaldo Coimbra, cientista social professor da rede pública estadual.