Enloucrescer faz visitas para orientar sobre sofrimento mental

Enloucrescer faz visitas para orientar sobre sofrimento mental

Foto: CMC

Com o lema: “Estamos em casa, mas continuamos na luta por uma sociedade sem manicômio", a Associação de Familiareas, Amigos e usuários do Serviço de Saúde Mental de Blumenau (Enloucrescer), parceira da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Pupulares da Universidade Regional de Blumenau (ITCP), registra o dia de Luta Antimanicomial, neste 18 de maio, com atenção redobrada aos cuidados que se fazem necessários depois da pandemia do novo coranavírus.
 
A equipe Enloucrescer contribui com o planejamento de materiais informativos que os profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do município de Blumenau levam às famílias em visitas domiciliares durante todo o mês de maio. Também produziram um vídeo para compartilhar pelos meios digitais.
 
O Movimento da Luta Antimanicomial defende os direitos das pessoas com sofrimento mental, combatendo a ideia de que se deve isolar a pessoa em nome de pretensos tratamentos, prática difundida pelo preconceito que cerca a doença mental.  O movimento lembra que as pessoas têm o direito fundamental à liberdade, o direito a viver em sociedade e de receber cuidado e tratamento sem que para isto tenham que abrir mão de seu lugar de cidadãos.
 
Para o professor do Departamento de Psicologia e integrante da equipe da ITCP/FURB, Jaison Hinkel, “o dia 18 de maio é uma data muito importante para levar para toda a sociedade a ideia de que a saúde mental é uma questão fundamental para todos nós. Saúde mental diz respeito ao nosso modo de viver em sociedade e aos modos de cuidado e de promoção de saúde. Por isso, o cuidado em saúde mental não pode se resumir apenas ao uso de medicação e a internação. Precisa contemplar aspectos relacionados ao trabalho, educação, moradia, lazer, cultura, convívio social, entre outros”.
 
A Enloucrescer foi criada em 1998 e é uma associação sem fins lucrativos que luta para garantir os direitos das pessoas com sofrimento psíquico. Podem participar da associação usuários da Rede de Atenção Psicossocial, membros da sociedade civil, voluntários, profissionais, estudantes, instituições, entre outros. A associação conta com aproximadamente 50 participantes e desenvolve várias atividades, algumas delas realizadas em parceria com a FURB, como: inclusão digital, elaboração de jornal/informativo; oficinas de cerâmica e teatro.
 
A organização atua na Rede de Economia Solidária do Vale do Itajaí (RESVI), comercializando produtos artesanais em diversas feiras, como a Feira da Economia Solidária realizada mensalmente na FURB e também participa de eventos acadêmicos e culturais. Em 2015 a Enloucrescer recebeu o Prêmio BNDES de Boas Práticas em Economia Solidária.
 
Sobre o Movimento da Luta Antimanicomial
 
O Movimento da Reforma Psiquiátrica começou no final da década de 70, em pleno processo de redemocratização do país, e em 1987 teve dois marcos importantes para a escolha do dia que simboliza essa luta, com o Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru/SP, e a I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília.
 
Com o lema “por uma sociedade sem manicômios”, diferentes categorias profissionais, associações de usuários e familiares, instituições acadêmicas, representações políticas e outros segmentos da sociedade questionam o modelo clássico de assistência centrado em internações em hospitais psiquiátricos, denunciam as graves violações aos direitos das pessoas com transtornos mentais e propõe a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil a partir de serviços abertos, comunitários e territorializados, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos da sociedade.
 
Assim como o processo do Movimento da Reforma Sanitária, que resultou na garantia constitucional da saúde como direito de todos e dever do estado através da criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Movimento da Reforma Psiquiátrica resultou na aprovação da Lei 10.216/2001, nomeada “Lei Paulo Delgado”, que trata da proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência. Este marco legal estabelece a responsabilidade do Estado no desenvolvimento da política de saúde mental no Brasil, através do fechamento de hospitais psiquiátricos, abertura de novos serviços comunitários e participação social no acompanhamento de sua implementação.
 
Professor Jaison Hinkel – 99932-7938, Alessandra – profissional que atua na Enloucrescer: 99912-8285, Carlos – associado da Enloucrescer - 99132-8989
 
Acompanhe o vídeo produzido pelos participantes da Enloucrescer: