Pesquisa FURB revela que mulheres são maioria entre grupo de pacientes com dor crônica; baixa adesão ao tratamento preocupa profissionais de saúde

Pesquisa FURB revela que mulheres são maioria entre grupo de pacientes com dor crônica; baixa adesão ao tratamento preocupa profissionais de saúde

Foto: FURB

Um estudo desenvolvido no curso de Farmácia da Universidade Regional de Blumenau (FURB) revelou o perfil sociodemográfico de um grupo de pacientes com dor crônica atendidos no município. Entre os principais achados da pesquisa, destaca-se a prevalência do gênero feminino e a baixa adesão ao tratamento medicamentoso prescrito. O estudo foi conduzido pelas pesquisadoras Helena Luiza Kirsten Sasse, estudante do curso de Farmácia da FURB, e Mônica Cristina Nunes da Trindade, Doutora em Farmácia, e objetiva fornecer subsídios às equipes de saúde para melhor compreensão das necessidades específicas desse grupo de pacientes. A pesquisa está entre os mais de 400 trabalhos apresentados durante a 18ª edição da Mostra Integrada de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura da FURB (Mipe), realizada na universidade entre 16 e 19 de setembro.

O estudo foi realizado com um grupo de 23 pacientes que receberam tratamento medicamentoso por meio do chamado Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), estratégia de acesso a medicamentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) que busca garantir a integralidade do cuidado ao paciente, contemplando medicamentos não fornecidos nas Unidades Básicas de Saúde, geralmente de alto custo e integrados a protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas específicas. Tais indivíduos recebem prescrições de medicamentos como Codeína, Gabapentina, Metadona e Morfina. Os dados relativos ao perfil sociodemográfico do grupo foram obtidos a partir do Sistema Automatizado do Município mediante termo de consentimento assinado pelos participantes. A análise desse perfil revelou que as mulheres são mais de 90% dos pacientes do grupo estudado. As pesquisadoras explicam que a prevalência do gênero feminino corrobora a literatura especializada e resulta de uma combinação de fatores genéticos e hormonais que tornam as mulheres mais suscetíveis às dores crônicas. A sobrecarga de trabalho decorrente do acúmulo de funções – profissionais e domésticas – também é um aspecto a ser considerado nesse contexto.

Os pacientes estudados têm idade média entre 40 e 59 anos. A faixa etária predominante suscita preocupação, já que a maior parte dos pacientes está em idade produtiva e pode ter sua qualidade de vida e desempenho impactado pela dor crônica. A predominância de indivíduos com ensino fundamental incompleto aponta, segundo as pesquisadoras, para a necessidade de adotar estratégias de comunicação e orientação eficazes, já que a falta de informação pode prejudicar o tratamento e manejo da dor.

Além do perfil sociodemográfico, as pesquisadoras avaliaram a adesão dos pacientes ao tratamento medicamentoso por meio da aplicação de um questionário. A análise das respostas revelou que a maior parte dos pacientes com dor crônica do grupo estudado tem baixa adesão ou provável baixa adesão ao tratamento medicamentoso prescrito. As pesquisadoras explicam que este é um problema de saúde pública de origem multifatorial. Efeitos adversos, questões psicológicas e perda de autonomia e funcionalidade dos pacientes ocasionada pela dor estão entre os fatores que influenciam a baixa adesão ao tratamento medicamentoso.

Na avaliação das pesquisadoras, a assistência farmacêutica desempenha um papel fundamental no manejo de quadros de dor crônica e na adesão do tratamento, já que é o farmacêutico quem realiza a mediação entre o paciente e o medicamento. Nesse contexto, cabe a esse profissional fornecer a orientação sobre a função de cada medicamento, possíveis efeitos adversos, interações medicamentosas e uso correto. As pesquisadoras ressaltam, ainda, que a rotina de cada paciente deve ser levada em consideração na hora de estabelecer o esquema farmacoterapêutico. Em casos de dor crônica, o tratamento tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos pacientes e permitir que tenham autonomia para as atividades diárias, tendo em vista que a cura da condição que originou a dor geralmente não é possível.

A dor é considerada crônica quando persiste por mais de três meses. O tratamento envolve o uso de várias classes de medicamentos, como analgésicos, anti-inflamatórios e opioides. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a dor crônica acomete cerca de 30% da população mundial. Doenças como fibromialgia, artrite, artrose e câncer, além de lesões, como hérnia de disco, são algumas das condições que levam a quadros de dor crônica.

 

FURB Pesquisa

O estudo foi tema do programa FURB Pesquisa da última semana: