Precarização dos motoristas de aplicativo em análise na Psicologia

Precarização dos motoristas de aplicativo em análise na Psicologia

Uma pesquisa no curso de Psicologia investigou a percepção dos motoristas de Uber de Blumenau e identificou que há uma precarização do trabalho não percebida pelos condutores. Os investigados “se reconhecem como sendo o próprio patrão, livres e amparados por questões legais, demonstrando, por meio de tais afirmações, os efeitos que o neoliberalismo produz em sua subjetividade” afirma o professor orientador do trabalho, Rodrigo Diaz Vivar y Soler. Trata-se de Trabalho de Conclusão de Curso que será apresentado nesta segunda-feira, dia 2 de dezembro, às 19 horas, na sala 304 do Bloco J, no campus 1 da FURB.
 
O estudo é fruto de Trabalho de Conclusão de Curso elaborado pelos estudantes Ronnie Cardoso e Junior Darolt, com a orientação de Rodrigo Diaz. De acordo com o levantamento que será apresentado ao público na segunda-feira, os motoristas de Uber “atuam voltados para o empresariamento de si mesmos, como regra fundamental desse novo modelo de economia, responsável pela precarização das relações de trabalho e pela retirada de direitos e garantias fundamentais” adianta o professor.
 
Com o título “Economia dos bicos e a precarização do trabalho: sujeição e impactos em motoristas de UBER em Blumenau” a investigação buscou um assunto atual e de relevância para a sociedade. Os autores pretendem levar o assunto a debate com a comunidade.
Com o aumento do desemprego e a busca por estratégias para complementar a renda, a nova onda de trabalho emerge em várias frentes. “A uberização do trabalho se refere a uma alternativa de trabalho flexibilizada, com base nos moldes da economia do compartilhamento, em uma plataforma digital, que conecta a oferta com a demanda. Esse modelo disruptivo foi motivado por entusiastas da tecnologia e deu início a uma forma de consumo que enfatiza o aluguel e o compartilhamento, em detrimento da propriedade e da posse” resume o professores que percebe os impactos do neoliberalismo político e econômico neste movimento.
 
Para desenvolver o trabalho, os estudantes entrevistaram prestadores de serviço do aplicativo Uber em Blumenau e investigaram a relação com esta atividade. O trabalho também verifica o motivo que os levou a ser motorista de Uber, quantas horas são trabalhadas por dia e como reconhecem sua saúde física e mental, entre outras questões. Os estudantes formularam e aplicaram questionário no mês de outubro de 2019.
“Com a análise dos dados, foi possível perceber que a motivação inicial e o maior benefício que identificam em realizar esta atividade é a fonte e ou complementação da renda” informa o professor. A maior parte dos entrevistados têm idade entre 18 e 26 anos, com renda mensal entre R$2.005 e R$8.640 reais. O trabalho completo será apresentado oralmente pelos estudantes na segunda-feira, dia 2 dezembro,  às 19 horas.