Professoras da FURB elaboram produtos para o Ministério da Saúde na área de micoses endêmicas

Professoras da FURB elaboram produtos para o Ministério da Saúde na área de micoses endêmicas

Foto: Internet

As professoras Tatiani Rensi Botelho e Isabel Daufenback Machado, vinculadas ao Departamento de Ciências Farmacêuticas da Universidade Regional de Blumenau (FURB), trabalham na elaboração de produtos na área de micoses endêmicas para o Ministério da Saúde. O projeto é uma das atividades realizadas no âmbito da consultoria prestada por Botelho para o órgão desde 2024. O convite para realizar a consultoria na área de micoses endêmicas partiu de Luiz Henrique Costa, professor do Departamento de Ciências Farmacêuticas da universidade, que assumiu, em 2023, a coordenação geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos do Ministério da Saúde. A consultoria tem vigência até o final do ano, mas pode ser renovada a critério do órgão.

Uma das primeiras ações desenvolvidas no âmbito da consultoria foi a avaliação de medicamentos usados no tratamento de micoses endêmicas no país. Nesse processo, foram avaliados aspectos como mecanismo de ação e possível indicação para micoses de difícil tratamento. “Avaliamos os que já são utilizados e outros que ainda não estão incorporados ao Ministério da Saúde para fazer a comparação e viabilizar estudos de implantação de novos medicamentos”, explica Botelho. A necessidade de aprofundar o conhecimento sobre os medicamentos usados no tratamento de micoses endêmicas tem origem em um problema que desafia a saúde pública: a resistência de muitos fungos aos medicamentos antifúngicos tradicionalmente empregados, assim como a hepatotoxicidade (capacidade de causar danos ao fígado) característica de muitos desses fármacos.

Além da análise de medicamentos, já finalizada, as pesquisadoras trabalham na produção de um guia de assistência farmacêutica para o tratamento de micoses endêmicas. “Esse produto de assistência farmacêutica é essencial para garantir o acesso ao medicamento e o uso racional. O farmacêutico tem um papel fundamental tanto na dispensação dos antifúngicos quanto na orientação do paciente, identificação das interações e para minimizar os efeitos adversos”, explica Botelho. O material deve ser publicado em parceria com o Ministério da Saúde.

As micoses endêmicas são infecções causadas por fungos, estão associadas a fatores ambientais e climáticos e são potencialmente graves, sobretudo entre pacientes com a imunidade comprometida. No Brasil, as mais comuns são candidíase, histoplasmose, criptococose, esporotricose e aspergilose, entre outras. Tais doenças não são de notificação obrigatória, o que dificulta seu monitoramento em termos epidemiológicos. Atualmente, um projeto piloto do Ministério da Saúde (utilizado em São Paulo, Minas Gerais e Paraná) permite que farmacêuticos e médicos façam o registro de casos e a solicitação de medicamentos em uma plataforma integrada. Na avaliação de Botelho, a implantação do sistema representa um avanço. “Com esse sistema, vamos ter registro dessas doenças. Isso é muito importante porque a gente não tem epidemiologia dessas doenças e, com o sistema, vamos passar a ter, além da logística dos medicamentos”, destaca.

 

Conheça as pesquisadoras

 

Tatiani Karini Rensi Botelho é graduada em Farmácia Bioquímica, Mestre em Farmácia e Doutora em Ciências Farmacêuticas. É professora de Micologia da FURB e pesquisadora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade (PPGBio/FURB). Pesquisa temas relacionados a produtos naturais de interesse farmacêutico e diagnóstico laboratorial.

 

Isabel Daufenback Machado é graduada em Farmácia, com habilitação em Análises Clínicas, Mestre em Ciências Farmacêuticas e Doutora em Ciências. É professora de Imunologia Clínica e pesquisadora vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, atuando na linha de pesquisa em Bioprospecção. Tem experiência em análises clínicas, inflamação, imunodiagnóstico, imunomodulação e atividade biológica em geral.