Pesquisa FURB revela perfil clínico e epidemiológico de pacientes que tiveram rompimento de aneurismas cerebrais

Pesquisa FURB revela perfil clínico e epidemiológico de pacientes que tiveram rompimento de aneurismas cerebrais

Foto: RTE FURB

Prevalência do gênero feminino e presença de hipertensão arterial estão entre os principais achados dos pesquisadores

 

Um estudo conduzido pelo grupo de pesquisa em Neurocirurgia Endovascular da Universidade Regional de Blumenau (FURB) traçou o perfil clínico e epidemiológico de pacientes diagnosticados com aneurismas cerebrais rompidos atendidos no serviço de referência em Neurocirurgia do Hospital Santa Isabel, em Blumenau, entre outubro de 2005 e dezembro de 2021. A prevalência de pacientes do gênero feminino e a presença de comorbidades, como hipertensão arterial e tabagismo, estão entre os principais achados da pesquisa, orientada pelo professor Leandro Haas, coordenador do curso de Medicina da FURB e neurocirurgião do Hospital Santa Isabel. A amostra contemplou 758 pacientes, com idades entre 21 e 90 anos. O estudo foi publicado no Jornal Brasileiro de Neurocirurgia em coautoria com Guilherme Wandall, Júlia Dumes Hessmann, Laura Moll Silva, Wallace Mees, Bernardo Przysienzny, Guilherme Voltolini Staedele e Wesley Severino.

Aneurismas cerebrais são dilatações da parede de uma artéria intracraniana. Geralmente assintomáticos, podem se romper e gerar hemorragias. Se não controlada por meio de intervenção cirúrgica, a hemorragia pode levar o paciente à morte ou resultar em uma série de sequelas. Os pesquisadores identificaram que a maior parte dos pacientes atendidos no serviço de Neurocirurgia do Hospital Santa Isabel para o tratamento de aneurismas rotos – termo técnico para designar aneurismas que se rompem – são mulheres: dos 758 pacientes atendidos nessa condição ao longo de 16 anos, 544 eram mulheres. Guilherme Wandall, médico integrante do grupo de pesquisa, explica que questões fisiológicas do corpo feminino, como menor presença de tecido muscular, estão associadas à maior predisposição para o desenvolvimento de aneurismas.

Os dados analisados pelos pesquisadores revelam que a hipertensão arterial é uma comorbidade comum a quase metade dos pacientes estudados. A elevação da pressão arterial é apontada pela literatura especializada como fator de risco tanto para o aparecimento de aneurismas cerebrais quanto para sua ruptura, motivo pelo qual seu controle é a principal forma de prevenção. O tabagismo é outro fator de risco relevante identificado pelos pesquisadores. Quase um terço dos pacientes internados no Hospital Santa Isabel em decorrência do rompimento de aneurismas durante o período analisado eram fumantes. Assim como a hipertensão arterial, o tabagismo leva ao enfraquecimento dos vasos sanguíneos, o que amplia as chances de ruptura dos aneurismas. Na avaliação dos pesquisadores, a estagnação no número de fumantes do país e a inserção de dispositivos de fumar que possuem apelo junto ao público jovem geram preocupação. Dislipidemia – elevação dos níveis de gordura no sangue – e Diabetes Mellitus também foram comorbidades identificadas entre os pacientes.

Estima-se que cerca de 2% da população mundial viva com aneurismas cerebrais. Haas explica que nem todos os aneurismas diagnosticados precisam ser tratados. A presença dos fatores de risco já mencionados é um dos aspectos decisivos para a recomendação cirúrgica. Idade, gênero, histórico familiar, tamanho e localização do aneurisma também são aspectos a serem considerados. Quando ocorre o rompimento, no entanto, a busca pelo serviço de emergência e a intervenção cirúrgica são cruciais para preservar a vida do paciente e evitar sequelas. Os principais sintomas do rompimento de um aneurisma cerebral são dor de cabeça intensa e súbita, vômitos e, em alguns casos, sensibilidade à luz.

O grupo de pesquisa liderado por Leandro Haas dedica-se ao estudo de abordagens cirúrgicas endovasculares, isto é, procedimentos realizados de forma minimamente invasiva, por dentro dos vasos sanguíneos. Os pesquisadores explicam que a abordagem endovascular tem permitido grandes avanços no tratamento dos aneurismas cerebrais. Além de prevenir rupturas, o tratamento endovascular também é efetivo para casos de aneurismas rompidos, de acordo com o estudo. Entre as principais vantagens dessa abordagem estão o menor tempo de internação, menores taxas de complicações e recuperação mais rápida. O grupo de pesquisa em Neurocirurgia Endovascular foi fundado por Haas em 2017 hoje conta com 30 participantes de diversas fases do curso de Medicina da FURB.