Trabalho aborda sentido da Prova Brasil de Língua Portuguesa
Por Gabinete da Reitoria/Jornalismo [05/04/2017] [14 h07]
Foto: Divulgação
O mestrando Juliano Vilmar dos Santos, do Programa de Pós-Graduação em Educação da FURB (PPGE), defende sua dissertação nesta quinta-feira, dia 6, a partir das 16 horas, na sala I-305.
“Sentidos da prova Brasil de Língua Portuguesa nas vozes de alunos do nono ano do ensino fundamental” é o título do trabalho.
A Banca Examinadora é composta pelo Presidente: Prof. Dr. Osmar de Souza/FURB; Titulares: Prof. Dr. Elton Luiz Nardi/UNOESC e Profa. Dra Stela Maria Meneghel/FURB; Suplente: Profa. Dra. Maristela Pereira Fritzen/FURB.
Resumo da dissertação
A avaliação em larga escala, a partir da década de 1990, insere-se como o principal indicador para o direcionamento das políticas ligadas à área de Educação. Sua maior ascensão está relacionada com a chamada modernização da esfera pública decorrente da apropriação de princípios enfatizados pelo Neoliberalismo.
Como consequência, passou-se a verificar a eficiência e a eficácia do ensino público. As mudanças ocorridas na Educação, iniciadas a partir dos Estados Unidos e Inglaterra, refletem-se nos demais países, decorrente de acordos econômicos. No Brasil, a estruturação da Prova Brasil e a criação do IDEB foram motivados por esses movimentos, e de muitos discursos, visto que ao mesmo tempo em que se buscava dar maior transparência dos atos públicos à sociedade, aumentava-se o controle social sobre a escola e docentes, e passava-se a enfatizar conceitos a partir dos resultados divulgados como ranqueamento, indicador e qualidade.
É a partir desses discursos que há sobre as avaliações em larga escala que esta pesquisa, vinculada à linha de Linguagem e Educação, busca compreender sentidos atribuídos à Prova Brasil de Língua Portuguesa por alunos do nono ano de uma escola do Médio Vale do Itajaí. Tal fato foi motivado porque se compreende que assim como os docentes e gestores escolares os estudantes também sentem as implicações da Prova Brasil, os quais a ressignificam a partir do contexto histórico em que estão inseridos.
É uma pesquisa qualitativa em Educação e os dados foram gerados por meio de entrevistas coletivas com seis alunos do nono ano de uma escola do Médio Vale do Itajaí. O aporte teórico que orientou as entrevistas coletivas e análise dos dados gerados foram conceitos chaves da teoria enunciativa do círculo de Bakhtin, a qual concebe que os enunciados dos sujeitos são ecos de outras vozes.
Para a reflexão das avaliações em larga escala no contexto escolar, buscou-se por um construto teórico que auxiliasse na compreensão de temas que permeiam as avaliações em larga escala, principalmente a partir de discussões de Almerindo Afonso, José Dias Sobrinho, Luiz Carlos Freitas e Stephen Ball.
Os resultados dão indícios de que, para os sujeitos investigados, a Prova Brasil tem como papel o controle das escolas, centrando-se no “ensinar certo”, atrelando a qualidade da educação aos resultados obtidos no IDEB.
Destacam-se também sentidos da Prova Brasil relacionados com a sistemática de simulados. Analisados no bojo da cultura performática, estes são vistos como a possibilidade de diminuir o nervosismo e de instruir tecnicamente os sujeitos quando da avaliação oficial. As tensões e conflitos foram também apontados devido ao excessivo direcionamento das práticas pedagógicas para a Prova Brasil, os quais geram desmotivação nas aulas de Língua Portuguesa, visto que a matriz de Língua Portuguesa passa a orientar as práticas de ensino em sala de aula.
Portanto, esta pesquisa é relevante na medida em que poderá contribuir na compreensão dos sentidos atribuídos pelos estudantes à Prova Brasil, pois além destes serem alvos das avaliações, são também destinatários diretos das políticas públicas engajadas com a melhoria da qualidade na educação.