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“É um projeto de pesquisa de ponta, que vai gerar conhecimento de uma maneira fantástica e trazer indicadores para que gestores públicos invistam e criem políticas de saúde adequadas para a população. E por ser um projeto de longa duração – a princípio, vamos acompanhar esta população pelo resto de suas vidas –, a ideia é torná-lo institucional, da FURB”, explica o professor e pesquisador Caio Cordova, que junto aos colegas Ernani Santa Helena e João Gurgel passará os meses de janeiro e fevereiro em Greifswald, na Pomerânia alemã, estudando a implantação do SHIP-Brazil.

 

O projeto deve iniciar no primeiro semestre de 2013 com um piloto. “Pretendemos começar para valer em junho do ano que vem”, antecipa Cordova. Devido à longa duração da pesquisa, os recursos devem ser constantemente obtidos em órgãos como a FAPESC, que já disponibilizou R$ 900 mil para o projeto, e a Agência Alemã de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), que financiará, por exemplo, a estadia do trio de pesquisadores da FURB na Alemanha. O Hospital Regional Universitário, que funcionará de base para o SHIP-Brazil, já está recebendo, através de editais ou doações vindas da Europa, equipamentos como ultrassons e medidores de densidade óssea, além de um escâner de corpo inteiro. Estes equipamentos vão estar, inclusive, disponíveis para os pacientes do SUS na cidade.

 

O SHIP teve inicio em 1997, quando 4 mil habitantes da Pomerânia, com idades entre 20 e 79 anos, foram selecionados para participar do estudo. A partir desta triagem, forma recolhidas periodicamente amostras de sangue, mucosa, saliva e urina e realizados exames de ultrassonografia, ressonâncias magnéticas de corpo inteiro e consultas odontológicas, entre outros. Também foram feitos questionários abordando doenças familiares e hábitos como alcoolismo, sedentarismo e tabagismo. Em 15 anos de acompanhamento clínico, o SHIP se tornou um dos programas de exames mais abrangentes do mundo, trazendo altos impactos para a produção científica na área da Saúde e no desenvolvimento, a partir das informações geradas, de políticas públicas de prevenção e tratamento de doenças.

 

Os primeiros contatos entre a universidade alemã e a FURB ocorreram na metade de 2011, graças ao paulista Marcello Markus, que trabalha como pesquisador em Greifswald. Quando descobriu a história de Pomerode e sua população, que ainda traz uma forte herança genética dos imigrantes pomeranos, enxergou uma oportunidade de internacionalizar o SHIP. Na Alemanha, o programa está prestes a ser nacionalizado. E além da experiência no Vale do Itajaí, a pesquisa também deve ser iniciada em regiões da Inglaterra, Chile e Cazaquistão que receberam imigrantes da Pomerânia.