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02/10/2015 - José Endoença ganha o mundo dialogando textos negros


Aposentado da FURB desde 2004, depois de 28 anos lotado no Departamento de Letras (e atuando nas linhas de pesquisa em Literatura Afro-Americana e Literaturas Estrangeiras Modernas), o professor, pesquisador e romancista pós-moderno José Endoença Martins não perdeu a disposição.
 
Ao contrário, vem ganhando fôlego internacional a partir de suas obras literárias, de dois doutorados (concluídos em 2002 e 2013), dos seus artigos sobre literatura negra e o intenso diálogo entre textos negros, destacando-se, em especial, o livro lançado na Alemanha: Signifyin(g) Comme Traduction Noire dans L’Expérience Postcoloniale.
 
Os 35 anos de vida acadêmica passados na FURB ensinaram José Endoença a perceber a relevância de juntar fala e escrita no uso de línguas estrangeiras. “Esta percepção começou com o Inglês, avançou para o Francês, cresceu na direção do Espanhol, alcançou o Italiano e, neste momento, se consolida com o Alemão”, disse.
 
Mas foi o segundo doutorado, desta feita em "Estudos da Tradução", que lhe deu a oportunidade de tentar outras possibilidades de pesquisa. O que lhe move é a possibilidade de, através de novas pesquisas, criar novas teorias: nos anos 90 foi a teoria do "Poema Minuto" sobre a sua poesia; nos anos 2000, a teoria de "Blumenalva e Nauemblu", sobre a literatura blumenauense; ainda nos anos 2000, as teorias de "Negrice, Negritude e Negritice", sobre a literatura de autores negros; nos anos 2010, a teoria da tradução de textos negros a partir do conceito de "Signifyin(g)".
 
Os seus romances ("Enquanto Isso em Dom Casmurro", "Legbas, Exus e Jararacumbah Blues", e "O Dom de Casmurro") seguem o conceito de Signifyin(g) como conversa entre textos negros. “É isso que me torna um pesquisador e um romancista pós-moderno”, completa.
 
-- Sempre foi assim comigo, no espaço acadêmico: escrever significava sobre falar línguas. Isto é significar. Ou Signifyin(g), de acordo com a visão de Gates (1988), crítico literário afro-americano. Gates esclarece que a literatura negra se encontra em processo de Signifyin(g) quando um de seus textos significa (dialoga) sobre um texto negro anterior, nesta mesma literatura. Esta ideia de dialogismo intertextual foi a base da tese do meu primeiro doutorado (UFSC, 1999-2002) em Estudos Literários. Durante meu segundo doutorado, em Estudos da Tradução (UFSC, 2009-2013) intuí, para minha felicidade acadêmica, que num ato tradutório, o texto traduzido também dialoga (significa) com o original. Naquele momento, cheguei a concluir que a tradução coincide com a Signifyin(g). Transformar a teoria literária de Gates em uma teoria da tradução foi a contribuição da minha tese.
 
Segundo José Endoença, pode-se dizer que tradução e Signifyin(g) são diálogos ou conversas entre textos negros: “No caso do meu estudo, ocorre entre romances negros, traduzidos do seu original para línguas distintas – esta é, de forma abreviada, a base teórica deste livro”, explicou.
 
E ele explica o título: Signifyin(g) CommeTraduction Noire dans l’Expérience Postcoloniale é SIGNIFYIN(G) posto que se alicerça no diálogo entre romances negros ; é TRADUCTION já que envolve texto-fonte e texto-alvo na dinâmica criativa da dialogia intertextual; é POSTCOLONIALE visto que, juntas, SIGNIFYIN(G) e TRADUCTION edificam postura desafiadora aos postulados hegemônicos do cânone literário e tradutório ocidentais.
 
Mas como seus artigos chegaram à Alemanha? Endoença explica que Gabriela Ledesma, head-hunter da editora alemã OmniScriptumGmhH&Co. KG, teve acesso a um artigo seu, publicado em Espanhol na revista Mutatis Mutandis (da Colômbia) e convidou-o a publicá-lo também na sua casa de edição. “Enviei-lhe, então, uma série de artigos em Espanhol, Francês e Inglês. O resultado, em Francês, é este livro. O livro com artigos em Espanhol está programado para sair em outubro deste ano. E vamos começar negociações para os textos em Inglês, sob a condução editorial de Gabriela Ledesma”, ressaltou.
 
Organizado pelas “Éditions Universitaires Européennes”, o livro Signifyin(g) CommeTraduction Noire dans L’Expérience Postcoloniale pode ser consultado e adquirido no site WWW.morebooks.fr, onde se encontra hospedado como e-book. Pode ser adquirido sob demanda. “A publicação deste livro devo à avaliação acadêmica e supervisão editorial da francesa Julie Dubois. É a ela que quero agradecer”, conclui.
Publicação: 02/10/2015 - 08h26 - Gabinete da Reitoria/Jornalismo | Foto(s): Michel Ivon Imme Sabbagh

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