Facebook Twitter Imprimir

ARQUIVO DE NOTÍCIAS


24/11/2016 - Tese investiga práticas de saúde entre agricultores alemães

O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da FURB convida para assistir a defesa pública de tese da doutoranda Leonilda Wessling, nesta sexta-feira, dia 25, a partir das 14 horas, na sala I-612 (campus 1).
 
O título é do trabalho né “Território e Tradição: as Práticas de Saúde entre Agricultores de Origem Alemã em Vila Itoupava (SC) no Contexto do Desenvolvimento Regional”.
 
Compõem a Banca Examinadora: Profa. Dra. Marilda Rosa Galvão Checcucci Gonçalves da Silva – FURB; Profa. Dra. Viviane Kraieski de Assunção – UNESC; Prof. Dr. Mártin César Tempass  – UFRGS; Profa. Dra. Cristiane Mansur de Moraes Souza – FURB; Prof. Dr. Oklinger Mantovaneli Junior – FURB; Suplentes - Profa. Dra. Lilian Blanck de Oliveira – FURB e Prof. Dr. Gilberto Friedenreich dos Santos – FURB.
 
RESUMO DA TESE
 
O objetivo geral da pesquisa é realizar um estudo sobre as relações de gênero que se organizam, a partir do domínio de saberes relacionados aos rituais de práticas de saúde envolvendo o uso de plantas medicinais e benzeções utilizadas pela comunidade alemã residente na Vila Itoupava e a maneira como essas relações se modificam ou não ao longo dos últimos anos no contexto do desenvolvimento regional.
 
Como objetivos específicos: caracterizar como a comunidade da Vila Itoupava vem se modificando ao longo dos últimos anos e levantar as causas que levam a tais alterações; como os rituais de práticas de saúde vêm se modificando a partir das reconfigurações que se delineiam na comunidade; a maneira como estas alterações se fazem refletir nas representações simbólicas em relação à saúde e de que maneira contribuem, ou não, para a reconfiguração das relações de gênero; identificar de que maneira a EPAGRI vem reorientando o cultivo de ervas para uso doméstico/comercial e estimar as modificações que vem se estabelecendo com essas orientações; identificar de que maneira o (SUS) Sistema único de Saúde, através do (PSF) Programa Saúde da Família está introduzindo o uso de plantas medicinais nos postos de saúde da região; Identificar como essas reconfigurações encontradas se relacionam com a saúde e o modelo de desenvolvimento regional existente. Este estudo se justifica em virtude do seu ineditismo em relação à comunidade estudada e ao recorte de pesquisa pretendido.
 
Além disso, por ser relevante o desenvolvimento de uma pesquisa sobre os rituais de prática de saúde na comunidade e sua relação com o desenvolvimento regional levando-se em consideração a reconfiguração recente pela qual vem passando a região.
 
A urgência em se realizar tal estudo vincula-se ao risco potencial da perda de registros importantes em virtude da idade avançada das moradoras mais antigas. Leva-se em conta o fato de serem as mulheres mais idosas as guardiãs desses saberes tradicionais.
Esse estudo se apresenta como fundamental para pensar o desenvolvimento regional, no âmbito das transformações da cultura local dos agricultores familiares.
 
A metodologia utilizada é a etnográfica. É uma forma de produzir conhecimento da comunidade pesquisada através da observação in loco, identificando especificidades que não são visíveis sem a sua observação. A etnografia é a coleta direta, e a mais minuciosa possível, dos fenômenos que observamos por uma impregnação duradoura e contínua e um processo que ocorre por aproximações sucessivas.
 
O Distrito de Vila Itoupava esteve vinculado à criação da Colônia Blumenau. Os imigrantes agricultores que ocuparam a localidade que dá nome ao Distrito, desenvolveram uma agricultura do tipo familiar, calcada no modelo europeu. A saúde dos agricultores esteve inicialmente voltada para suas práticas de saúde tradicionais trazidas pelos imigrantes e adaptadas à região.
 
Com o processo de industrialização que irá se iniciar por volta da década de 1960 e se intensificar na década de 1980, as agricultoras que detinham esses conhecimentos e eram responsáveis pelo cuidado com a saúde da família passaram a trabalhar nas indústrias nascentes e com isso se transformaram em colonas-operárias. Ou seja, somente passaram a trabalhar na lavoura um período do dia. Esse movimento bem como o processo de mecanização da agricultura e a entrada da energia elétrica em 1970, irão trazer novas configurações que irão repercutir nos papéis e relações de gênero e no caráter atribuído aos cuidados com a saúde.
 
A presença constante da biomedicina e suas práticas; a alimentação pesada (gordurosa) e a o gasto menor de energia com a entrada da energia elétrica, as pressões no trabalho, trazem novos tipos de doenças, como estresse, depressões e câncer. Criam-se novos valores em relação ao tratamento da saúde. Diminuem-se os chás e benzeções e se amplia a medicalização.
 
Os saberes que são guardados pelas mulheres tendem a serem esquecidos pelas gerações mais novas. A falta de estímulo à agricultura familiar e o estimulo à agricultura que gera comodites, tem impedido a permanência dos agricultores no campo em melhores condições na área rural, devido à maneira limitada como vem sendo concebido o desenvolvimento em termos de progresso econômico, desconsiderando a realidade dos agricultores e dos recursos endógenos que sua agricultura traz consigo, como a medicina popular e seus saberes ligados às plantas medicinais que vão desaparecendo aos poucos sob a égide desse tipo de desenvolvimento.
Publicação: 24/11/2016 - 13h08 - Gabinete da Reitoria/Jornalismo | Foto(s): Divulgação

Novembro/2016 (alterar)

30/11/2016 29/11/2016 28/11/2016 25/11/2016 24/11/2016 23/11/2016 22/11/2016 21/11/2016 18/11/2016 17/11/2016 16/11/2016 11/11/2016 10/11/2016 09/11/2016 08/11/2016 07/11/2016 04/11/2016 03/11/2016 01/11/2016


Painel