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21/10/2020 - Feminismo negro expõe desafios de raça e gênero


As pautas e discussões sobre o racismo e a desigualdade de oportunidades para as pessoas negras ganharam destaque no mundo em 2020 com as recentes polêmicas envolvendo autoridades brancas e violência contra as populações negras. Em matéria da FURB TV, ativistas e especialistas falam sobre a questão do feminismo negro e os problemas raciais sofridos na cidade de Blumenau.
 
Halina Macedo Leal, professora da FURB e doutora em Filosofia, lidera o Grupo Interdisciplinar de Pesquisas em Gênero, Raça e Poder, que abrange três linhas de trabalho: o patriarcado e o sexismo, o feminismo negro e desenvolvimento, colonialidade e gênero. Ela explica que diferente do feminismo, o feminismo negro procura atentar, entre diversas coisas, para a interseccionalidade de opressões, onde não apenas a opressão de gênero as afeta, mas a de raça também.
 
O racismo é praticado diariamente, não apenas nas ações racistas feitas de forma ostensiva, como o caso de declarações de grupos nazistas contra um advogado negro na cidade de Blumenau. Um dos exemplos de racismo no cotidiano que Halina dá na reportagem pode ser percebido, por exemplo, ao observar alguns espaços, como nas universidades, onde o número de pessoas negras é reduzido.
 
Um ponto que Halina destaca é a invisibilidade das mulheres e das pessoas negras em Blumenau. As imagens e o que é vendido sobre a cidade não inclui essas mulheres. “Você não existe! Isso é o que estão dizendo pra você”, comenta ela na reportagem. As pesquisas e estudos realizados pelo Grupo Interdisciplinar são exatamente para perceber como isso afeta e impacta na construção de identidade das mulheres negras na região.
 
No grupo, além do feminismo negro, dicute-se um leque mais amplo de questões, refletindo sobre o pensamento colonial, como é possível desconstruir isso e como o patriarcado é violento com diversos grupos.
 
Em Blumenau os grupos que discutem o feminismo negro e questões raciais são o movimento de consciência racial Cisne Negro, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da FURB (Neab) e o coletivo Antonieta de Barros.
 
Aline Cruz é membro do Coletivo Antonieta de Barros e explica que o racismo e o feminismo negro não são debatidos fora dos espaços progressistas, coletivos ou de movimentos sociais em Blumenau. “Infelizmente nós não furamos a bolha", afirma ela.
 
A ativista explica que a sociedade blumenauense ainda é muito resistente, o que caracteriza uma cidade extremamente conservadora e que tem no seu passado de colonização um “flerte” com o nazismo. Como evidência desse fato, ela cita os dados que colocam Santa Catarina como o segundo estado com maior número de células nazistas no Brasil. 
Publicação: 21/10/2020 - 17h14 - Central Multimídia de Conteúdo/Jornalismo | Foto(s): CMC / ONU Brasil


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