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ARQUIVO DE NOTÍCIAS


21/01/2013 - Vale do Itajaí busca tecnologia da Suécia para solucionar problema do lixo urbano


Faça uma lista com os mais urgentes desafios ambientais da humanidade. Além da emissão de poluentes na atmosfera ou da extinção de animais e plantas, é bem provável que você inclua a questão do manejo de resíduos sólidos urbanos: afinal, até quando cada um de nós poderá depositar quase 1 quilo de lixo, dia após dia (média nacional por pessoa, segundo o IBGE), em aterros sanitários?

 
O problema do lixo vem sendo confrontado desde os anos 80 em Boras, na Suécia, onde 99% do que é descartado pela população vai para a reciclagem ou se transforma em energia. É deste município escandinavo de 100 mil habitantes que vêm os palestrantes do 4º Fórum Regional de Resíduos Sólidos Urbanos do Médio Vale do Itajaí e Seminário Brasileiro-Sueco Sobre Gestão de Resíduos e Projeto Vinnova, encontro sediado pela Universidade Regional de Blumenau (FURB) nos dias 23 e 24 de janeiro. Antes do evento, eles vão visitar cooperativas de reciclagem e aterros sanitários na região para conhecer a realidade local.
 
Trata-se de mais uma etapa para o desenvolvimento, nos 14 municípios do Médio Vale do Itajaí, de um sistema integrado de gestão de resíduos sólidos pautado pela sustentabilidade e inovação tecnológica. A proposta surgiu no âmbito da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Ammvi), que chegou até a Suécia através da FURB, há mais de três anos parceira da Universidade de Boras no intercâmbio de acadêmicos e professores.
 
A instituição de ensino superior catarinense será a principal responsável pelo desenvolvimento de pesquisas e projetos de extensão que viabilizem os planos da Ammvi para a região. Há pelo menos nove grupos dentro da FURB envolvidos com a criação do sistema, entre eles os programas de pós-graduação em Engenharia Ambiental, Engenharia Química e Ensino de Ciências Naturais e Matemática, além da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares.
 
Para realizar os estudos, a universidade e a Ammvi terão como parceiros o Instituto de Pesquisa Técnica da Suécia (Science Partner) e a Agência Sueca de Inovação (Vinnova), duas instituições que fomentam a inovação tecnológica em vários países do mundo, além do apoio local da Associação Empresarial de Blumenau (Acib).
 
“A FURB vai atuar com a expertise científico-tecnológica que possui. Aqui estão os pesquisadores que podem desenvolver alternativas a partir do modelo usado em Boras, que não pode ser apenas copiado aqui – é preciso considerar muitas diferenças técnicas e culturais”, analisa o pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura da Universidade Regional de Blumenau, Marcos Rivail.
 
Recurso econômico
Além do sistema de gestão de resíduos, outro convênio da Ammvi em parceria com empresas e entidades da Alemanha tem como objetivo implantar uma usina de biogás na região. A biometanização, processo que transforma resíduo orgânico em gás metano, é um dos métodos utilizado em Boras – e em várias outras regiões da Europa – para reaproveitar a maior parte do lixo orgânico recolhido.
 
O produto é utilizado como combustível nos ônibus urbanos e nos próprios caminhões de coleta de lixo, resultando em tarifas mais baratas para os habitantes da cidade sueca. Para cada 10 mil toneladas de lixo orgânico, Boras produz 1 milhão de metros cúbicos de biogás – o mesmo que 550 mil litros de óleo diesel, segundo pesquisas.
 
O lixo se torna, assim, um valioso recurso econômico, que fomenta um setor industrial em crescimento, pleno de oportunidades para a iniciativa privada. Não por coincidência, o encontro na FURB terá a presença garantida de duas empresas suecas: Biogas Systems e Metso.
 
Realidade local
Já o chamado lixo seco – papéis, plásticos e metais – acaba sendo reciclado quase na totalidade. Faz parte das políticas públicas da Suécia estimular que a indústria utilize apenas materiais reaproveitáveis em suas embalagens. A responsabilidade pela separação e destinação desses resíduos é dos próprios cidadãos, que precisam depositá-los em locais específicos, facilitando o trabalho das cooperativas de recicladores da cidade. Por essa razão, o modelo de gestão de resíduos em Boras depende principalmente da participação da população.
 
Por isso, um dos grandes desafios, além das soluções de engenharia e logística, será reeducar a população local sobre a urgência de se lidar com o lixo de uma maneira mais sustentável. Atualmente, problemas na coleta de recicláveis e a falta de conscientização se unem para criar um número quase totalmente oposto aos de Boras: no Vale do Itajaí, menos de 10% das 120 mil toneladas de resíduos sólidos descartados a cada mês é, de alguma forma, reciclado ou reutilizado.
 
A maior parte do lixo doméstico acaba nos aterros de Timbó – que pertence ao Consórcio Intermunicipal do Vale do Itajaí (Cimvi), formado por nove pequenos municípios da região – ou Brusque. Assim, para tornar o Vale do Itajaí uma das regiões mais sustentáveis do mundo, a parceria terá de ser, também, com cada um de seus moradores.
 
Publicação: 21/01/2013 - Coordenadoria de Comunicação e Marketing | Foto(s): Timothy Takemoto/Stock Image

Janeiro/2013 (alterar)



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