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03/12/2015 - Dissertação aborda TDAH e a medicalização da educação

A mestranda Cristiana Roth de Morais Lenzi, do Programa de Pós-Graduação em Educação da FURB, defende dissertação nesta sexta-feira, dia 4, a partir das 14 horas, na sala I-305 (bloco I, campus 1).
 
O título do trabalho é “Medicalização da educação: controle da infância? O que dizem pais e professores de crianças diagnosticadas com TDAH”.
A Banca Examinadora é formada pela profa. Dra. Rita de Cássia Marchi (FURB-Presidente);  Profa. Dra. Juliane Di Paula Queiroz Odinino (FMP);  Profa. Dra. Gicele Maria Cervi (FURB);  Prof. Dr. Adolfo Ramos Lamar (FURB – suplente).
 
Resumo
 
A medicalização na Educação é um tema de pesquisa emergente. Pesquisas indicam um aumento significativo no diagnóstico de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e no consumo de medicamentos como o metilfanidato (Ritalina).
 
Com aporte teórico na Sociologia da Infância, esta pesquisa teve como objetivo geral compreender o que dizem pais e professores sobre a medicalização das crianças para o controle do TDAH na escola. A metodologia da pesquisa se caracteriza como qualitativa, descritiva, de caráter exploratório, tendo sido usados como instrumentos de geração de dados, entrevistas semi-estruturadas com pais e professores de alunos que apresentavam diagnóstico de TDAH e/ou que faziam uso de medicamento; e, ainda, análise de documentos técnicos (cartas de encaminhamento, laudos diagnósticos, receitas médicas).
 
A partir das falas dos entrevistados, foi possível perceber que existe uma apropriação, vulgarização e difusão do saber médico por parte dos profissionais da educação, sendo a escola a principal responsável pelo encaminhamento das crianças com “dificuldades” de comportamento e aprendizagem ao neuropediatra.
 
Observou-se que as queixas das professoras, relacionadas ao comportamento dos alunos, surgem já na educação infantil. As principais queixas dizem respeito à agitação e falta de atenção, problemas que fazem com que as crianças não desempenhem bem sua função produtiva no seio da organização escolar, isto é, que não exerçam de forma adequada o “ofício de aluno”.
 
Sobre os diagnósticos médicos, pôde-se perceber que esses, muitas vezes, são já realizados na primeira consulta, sem uma análise do contexto histórico em que as crianças vivem e que o tratamento de primeira escolha é o medicamentoso, sem haver uma tentativa de resultado através de manejo interdisciplinar. O diagnóstico de TDAH e o tratamento medicamentoso são aceitos pelos pais/responsáveis e professoras, sem exceção, o que confirma a difusão do biopoder na sociedade, descrita por Foucault (1999).
 
O medicamento é visto como necessário pela grande maioria dos entrevistados, sendo uma maneira rápida e eficaz de resolver as dificuldades com relação ao comportamento e a aprendizagem da criança. Foi possível perceber, através das falas das professoras, a visão da infância como problema social e a presença da ideia de uma crise da infância e da autoridade.
 
A criança, objeto do diagnóstico do TDAH, passa a ser manipulada, controlada e estigmatizada, incorporando os rótulos que lhe são atribuídos e a introjetar a doença. Por fim, pode-se sugerir que a medicalização é uma nova forma de controle da infância, uma forma de aquietar as crianças inquietas, de lhes impor limites, de docilizar seus corpos.
 
Pode-se concluir que a visão da infância continua centrada na normalização, ignorando a criança como ator social de pleno direito como propõe a Declaração Universal dos Direitos da Criança (ONU, 1989), o Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, ECA, 1990) e os atuais estudos sociais da infância. 
Publicação: 03/12/2015 - 11h34 - Gabinete da Reitoria/Jornalismo | Foto(s): Divulgação

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