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A mestranda Martha Regina Maas, do Programa de Pós-Graduação em Educação da FURB, defende dissertação nesta quarta-feira, dia 16, a partir das 14 horas, na sala I-305 (campus 1).

 

O trabalho tem como título “Escolarização e língua de imigração: representações a partir dos enunciados de três gerações”.

 

A Banca Examinadora é composta pela presidente  Prof(ª) Dr(ª) Maristela Pereira Fritzen/FURB; Prof(ª) (Drª) Terezinha de Jesus Machado Maher/UNICAMP; Dr(ª) Gicele Maria Cervi/FURB; Suplente: Prof(ª) Dr(ª) Otilia Lizete de Oliveira Martins Heinig /FURB

 

 

O Brasil é um país plurilíngue, formado por uma multiplicidade de etnias e manifestações culturais que, historicamente, foram marcadas por políticas de incentivo ao monolinguismo e ao monoculturalismo.

 

A região do Vale do Itajaí, cenário foco da pesquisa aqui descrita, está localizada no estado de Santa Catarina e teve sua formação caracterizada pela vinda de diversos grupos de imigrantes europeus, a partir das políticas de incentivo à ocupação de terras no século XIX. Até hoje, essa região se caracteriza pela coexistência da língua portuguesa em contato e conflito com diversas línguas de imigração, entre elas o alemão enquanto uma herança linguística e cultural.

 

A partir desse contexto, a pesquisa foi desenvolvida na linha Linguagem e Educação, no Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Educação da Universidade Regional de Blumenau (FURB) e teve como objetivo geral compreender as relações entre escolarização e língua de imigração nos enunciados de três gerações.

 

Para isso, realizou-se uma investigação de cunho qualitativo e interpretativista, com os principais aportes teóricos advindos da Linguística Aplicada em diálogo com a Educação, dos Novos Estudos do Letramento e dos Estudos Culturais. Os sujeitos participantes são membros de três gerações pertencentes a duas famílias que residem em uma comunidade rural no município de Blumenau-SC. Os dados foram gerados por meio de entrevistas narrativas e analisados com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da Análise Dialógica do Discurso do Círculo de Bakhtin.

 

Acerca dos resultados, primeiramente, afirma-se que as análises só puderam acontecer a partir do olhar voltado também sobre forças mais amplas, que dizem respeito a tentativas de controle da instituição escolar sobre os alunos, seus corpos e práticas. Nesse sentido, as discussões sinalizam a escola enquanto instituição plural: para as primeiras gerações, ela representa um espaço tanto de repreensão, por meio da proibição da língua de herança falada, quanto de possibilidade de diversão e subversão às regras impostas. Já para a terceira geração, com os documentos oficiais atualmente incentivadores da diversidade, a escola é mais um dos espaços que acontecem em língua portuguesa, mas que ainda tenta preservar o uso da língua alemã presente em seu entorno.

 

Assim, a língua de herança anteriormente proibida na escola agora se tornou uma disciplina específica do currículo e, sobre isso, recomendam-se estudos mais aprofundados para investigar esses processos de ensino e aprendizagem.

 

Por fim, o olhar voltado para o diálogo entre linguagem e educação gerou algumas implicações: pudemos constatar que o momento atual está sendo de mudanças e de oportunidades para a valorização e fortalecimento das línguas dos grupos minoritarizados e que a escola poderia exercer um papel sensível em relação às práticas e conhecimentos que os alunos já apresentam.

 

Dessa forma, o bilinguismo social, presente no contexto pesquisado enquanto uma herança cultural e linguística, deixaria de ser uma manifestação a ser substituída pelas práticas em língua dominante. Finaliza-se ressaltando a possibilidade de continuação de estudos que intentem à problematização de perspectivas já naturalizadas, bem como à compreensão acerca das diferentes manifestações culturais que estão presentes no contexto escolar.